As vantagens da TH são o alívio rápido dos sintomas e proteção contra a osteoporose e, entre as principais desvantagens, o crescimento do número de casos de câncer de mama”.
Prolongar ao máximo a juventude e aliviar os desagradáveis sintomas da menopausa – eis um desafio para mulheres na faixa dos 45-55 anos. A menopausa é a suspensão da menstruação por 12 meses consecutivos, pela diminuição de praticamente toda a produção hormonal ovariana. Ela pode trazer sintomatologia intensa como ondas de calor (fogachos), diminuição da libido, secura vaginal (vaginite atrófica), depressão, diminuição da elasticidade da pele, distúrbios do sono, diminuição da densidade óssea e aumento do risco de doenças cardiovasculares.
Para amenizar a intensidade desses sintomas, surgiu a Terapia de Reposição Hormonal (TH). As vantagens da TH são o alívio rápido dos sintomas e proteção contra a osteoporose e, entre as principais desvantagens, o crescimento do número de casos de câncer de mama, aumento da densidade mamária (dificultando o diagnóstico precoce de câncer) e do risco de tromboembolismo.
Um estudo publicado em 2003 mostrou um significativo aumento do número de casos de câncer de mama, principalmente quando se associava estrógeno e progesterona, que, inclusive, abreviou a duração da pesquisa, mas revelou também a diminuição das fraturas ósseas causadas pela osteoporose, assim como a incidência de câncer intestinal.
Apesar do aumento de casos de câncer de mama, esse número não foi tão alto, a ponto de resultar em containdicação para essa terapia, já que o aumento incide sobre o risco já existente. Por exemplo, se a mulher tiver um risco de 10% de desenvolver câncer de mama, a TH o elevaria em 26% (passando a ser de 12,6%). Um alerta para nosso cuidado com as definições: é errado pensar que a produção de hormônios cai porque envelhecemos. Ao contrário, o correto é que nós envelhecemos porque a produção de hormônios caiu.
“...é errado pensar que a produção de hormônios cai porque envelhecemos. Ao contrário, o correto é que nós envelhecemos porque a produção de hormônios caiu.”
A história da TH começa em 1942, quando o Food and Drugs Administration (FDA) - a agência governamental americana que lida com o controle das indústrias alimentícias e de medicamentos - aprovou os estrogênios para tratamento dos sintomas vasomotores (calores, suor) nas mulheres menopausadas nos Estados Unidos da América. Na década de 1960, Robert Wilson divulgou a “Feminine Forever”, popularizando a ideia da mulher jovem para sempre com a TH. Em 1997, saiu o primeiro estudo de referência mostrando os riscos com relação ao câncer de mama e, em 2002, o WHI (Women’s Health Initiative), um famoso estudo que repensou mundialmente o uso da terapia. Com relação ao sistema cardiovascular e algumas neoplasias, a TH não agrava em nada a incidência. Na verdade, a TH aumenta o risco de varizes, de câncer de mama e do endométrio.
Existem três tipos básicos de TH, além dos tratamentos não-hormonais. O hormônio natural é aquele que não passa por processo de transformação ou síntese, tem origem vegetal, animal ou mineral. O sintético passa por processo artificial de transformação ou modificação em sua estrutura química para aumentar a respectiva estabilidade, durante o tempo de armazenamento e comercialização, entre outras coisas. Já o hormônio bioidêntico é uma substância cuja estrutura molecular é exatamente igual à dos equivalentes naturais humanos, independentemente da fonte da qual se origina (natural ou sintética). Essa é a forma mais nova de TH, que parece ser a menos danosa ao organismo.
Para entender melhor, nosso organismo funciona como uma chave e uma fechadura, ou seja, nosso corpo, para funcionar, precisa ser ligado por uma chave (os hormônios, por exemplo). Na TH, a mulher parou de fabricar esse hormônio (chave) e vamos dar uma nova chave que roda a fechadura mas não é uma cópia exata e termina arranhando e estragando a fechadura. Essa é a TH clássica (de origem natural ou sintética). Na bioidêntica, estamos fazendo uma chave exatamente igual à nossa, mas, como se trata de uma terapêutica nova, ainda faltam muitos estudos com pacientes e longo tempo de acompanhamento para provar sua eficácia e segurança.
A mulher que começa a utilizar a TH precisa de um acompanhamento mais rigoroso com seu ginecologista e mastologista, logicamente após, a avaliação inicial que autoriza o início do tratamento. A periodicidade desses exames depende muito mais da saúde da mulher e história familiar, do que do uso da TH. O tratamento ideal é aquele individualizado pelo seu perfil, a partir das doenças prévias, características de saúde, hábitos de vida e das consequências da diminuição dos hormônios circulantes que está apresentando no momento.
Sempre devemos tentar controlar com medidas comportamentais, como alimentação, atividades físicas e hábitos de vida saudáveis. Dentre as opções naturais temos as isoflavonas da soja, amora, trevo vermelho, angélica e cemicifuga racemosa, fitomedicamentos que podem ser incluídos na alimentação, em chás ou em forma de cápsulas. A acupuntura tem mostrado também ótimos resultados em mulheres em relação aos fogachos e calores.
A TH TEM RESULTADO POSITIVO PARA OS SEGUINTES PROBLEMAS
Sintomas vasomotores (calores, suor em demasia num ambiente frio ou suor frio, sensação da pele pegajosa)
Atrofia urogenital (secura vaginal, diminuição da qualidade dos tecidos da vagina, vulva e sistema urinário, com problemas no controle da diurese - xixi - e dores durante a relação sexual, além de dificuldade de penetração do ato sexual)
Osteoporose (falta de força nos ossos, que leva a fissuras e fraturas, quebra dos ossos)
Sintomas de ansiedade e depressão
SÃO CONTRAINDICAÇÕES PARA O USO DA TH
Contraindicações absolutas
Suspeita ou confirmação de câncer de mama
Suspeita ou confirmação de neoplasia estrogênio dependente
Sangramento uterino anormal de causa desconhecida (sangue que sai como menstruação depois da menopausa)
Tromboembolismo agudo (o sangue coagula dentro dos vasos de forma repentina)
Doença hepática ativa (doença no fígado)
Epilepsia
Lupus eritematoso sistêmico
Pressão alta e diabetes sem um bom controle de alimentação, atividade física e remédios
Hiperplasia endometrial (crescimento da camada interna do útero)
Pancreatite (doença inflamatória do pâncreas)
Menigeoma (tumor benigno que acontece no sistema nervoso central)
Contraindicações relativas
Demência (perda da capacidade cognitiva - raciocínio, memória)
Doença coronariana estabelecida (problemas nos vasos do coração)
Retenção de fluidos associada à disfunção cardíaca ou renal
Hemangiomas hepáticos (lesões benignas no fígado)
Hipotireoidismo (menor produção do hormônio da tireóide)
Doença autoimune em atividade (doença do sistema imunológico da pessoa)
Câncer de bexiga e câncer gástrico
Doença da vesícula biliar
Mioma uterino